domingo, 27 de junho de 2010

Tênis na grama


Os quatro grandes de Wimbledon
Análise, Federer, Murray, Nadal, Roddick

dom, 27/06/10
por Alexandre Cossenza

Acaba a primeira semana de Wimbledon, e nada melhor do que aproveitar o Middle Sunday (leia mais no pé do post) para avaliar como os principais favoritos antes do evento se portaram em seus três primeiros jogos no torneio.

Rafael Nadal já saiu da minha lista de favoritos. Não só porque seu tênis vem abaixo do nível que ele já demonstrou em Wimbledon em anos anteriores, mas por causa da óbvia preocupação com o joelho direito. Na partida contra Petzschner, o espanhol pediu um tempo médico e seguiu recebendo massagem no local nos intervalos entre os games. E todos conhecem como é o tênis do número 1 do mundo quando ele não está 100% fisicamente.

Técnica e taticamente, ainda falta algo, e não acredito que este algo esteja ligado à lesão. O espanhol costuma ter problemas contra bons sacadores e, neste Wimbledon, vem se mostrando mais frustrado do que o normal quando sofre aces. Foi assim contra Haase, na segunda rodada, e contra Petzschner, na terceira.

Quando isso acontece, Nadal se afoba e erra bolas que não costuma errar. A pressão no seu saque aumenta, e quando o primeiro serviço não entra, basta um bom devolvedor para colocá-lo em apuros. Sorte dele que Haase sentiu o físico e Petzschner não manteve o ritmo no quinto set. Não acho que o número 1 vá encontrar problemas contra Mathieu, mas se Soderling passar às quartas, é outra história.

Roger Federer, para mim, ainda é um ponto de interrogação. O hexacampeão de Wimbledon teve três adversários fracos – dois deles, sem armas para atuar na grama -, o que não permite uma grande referência para avaliar onde está o tênis do suíço. O que fica claro, porém, é que ele não deve repetir o pífio desempenho da estreia.

O jogo contra Falla foi uma aberração que ficou para trás. Federer esteve pouco melhor contra Bozoljac, que pelo menos tinha um saque perigoso, e ganhou com facilidade contra Clément, o que era mais do que previsto. O jogo contra Melzer, um canhoto que tem variações em seu jogo e um bom saque, deve dar uma melhor noção do momento do suíço em Wimbledon.

Pala frente, caso confirme o favoritismo diante do austríaco, ainda podem pintar Berdych (quartas) e Roddick (semi). O tcheco ainda precisa provar que pode ganhar jogos importantes em cinco sets, e o americano é perigoso sempre. Especialmente se tiver a seu lado a torcida britânica e seguir jogando como fez nas primeiras rodadas.

Andy Murray parece ter reencontrado seu jogo. E, admito, isto não quer dizer muito, levando em conta o nível de tênis do escocês nos últimos meses. Seus três adversários até agora em Wimbledon foram Hajek, Nieminen e Simon, nenhum craque na grama, mas o britânico venceu com extrema facilidade.

Mais importane ainda, ele vem batendo bem na bola. Até agora, Murray é o único dos quatro principais cabeças de chave que não perdeu sets, o que é sempre bom, já que nunca se sabe quando haverá um jogo longo em um Grand Slam. Uma melhor referência virá nesta segunda, contra Sam Querrey, o primeiro grande sacador no caminho do tenista da casa.

Entre os quatro citados neste post, Murray é quem parece ter o caminho menos complicado até a final. Se passar por Querrey, enfrentará Tsonga ou Benneteau nas quartas. Em seguida, Soderling ou Nadal. Opções certamente melhores do que encarar Federer ou Roddick em uma semifinal de Wimbledon. Já imaginaram o tamanho da badalação em cima do escocês se ele chegar à final? Principalmente agora que o English Team foi eliminado em Bloemfontein.

Embora tenha passado fora do radar, enquanto todos olhavam para a quase eliminação de Federer, as vitórias em cinco sets de Djokovic e Nadal e, obviamente, a partida de 11 horas entre Isner e Mahut, Andy Roddick é, para mim, o nome do torneio até agora.

A começar pelo espaço aéreo turbulento que encontrou no começo, com adversários perigosos na grama como Llodra e Kohlscreiber (na primeira rodada, passou por Ram). Tri-vice em Wimbledon, Roddick perdeu dois sets, mas não teve sua sobrevivência seriamente ameaçada em momento algum. E não preciso dizer que o americano sabe vencer na grama e tem os golpes necessários para isso.

Espero uma vitória fácil sobre Lu nas oitavas. Também o coloco como favorito sobre Hewitt ou Djokovic nas quartas. Se minhas expectativas forem confirmadas, teremos Roddick contra Federer na semifinal. E acho que, pelo menos neste ponto, o sorteio lhe foi interessante. Vejo o americano com mais chances de bater o suíço na semi do que na final. Embora, não esqueçamos, o histórico sugere um favoritismo monstruoso de Federer.

A caixinha de comentários fica aberta abaixo aos leitores. Quem são seus favoritos? E por quê?

- Antes de mais nada, uma explicação. O Middle Sunday (”domingo do meio”, em tradução literal) é, tradicionalmente, um dia de descanso em Wimbledon. Mesmo quando a programação está atrasada por causa da chuva, não há jogos no All England Club.

- Taí a grande vantagem do teto retrátil na Quadra Central. Depois de uma primeira semana sem chuva – algo raro em Londres -, é difícil imaginar que algum tenista vá sair muito prejudicado em caso de mau tempo. De agora em diante, com a programação em dia na segunda semana, só algo muito extremo na segunda ou na terça pode atrapalhar a vida de alguém.

- Alguém vai estranhar eu não ter citado Novak Djokovic no texto. De fato, eu não achava que Djokovic era um dos quatro principais candidatos ao título este ano. E seu caminho, aliás, ainda é bem complicado. Ele tem Hewitt nas oitavas e, possivelmente, Roddick nas quartas. Vou me surpreender se o sérvio chegar à semi.

- Além de Murray, já citado no texto, Robin Soderling e Yen-Hsun Lu chegaram às oitavas sem perder sets. O sueco bateu Ginepri, Granollers e Bellucci, e deve ao brasileiro um agradecimento por ter mantido os 100% de aproveitamento em sets. Lu passou por Zeballos, Przysienzy e Mayer. Não acredito, porém, que passará por Roddick.

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