terça-feira, 15 de junho de 2010

Inverno está dando "as caras"

Tendências para o inverno 2010

Confira a tendência do clima no Brasil no inverno de 2010 elaborada pela Climatempo. Mas atenção: esta é apenas uma visão geral para cada Região do país, podendo haver particuladares para algumas áreas.

O inverno começa nesta segunda-feira, dia 21 de Junho, às 8h28, no horário de Brasília, mas o frio se antecipou à estação. Desde o começo de maio, seis massas polares consideradas fortes atingiram o centro-sul do Brasil e a sensação de frio perdurou por pelo menos 40 dias. A mudança de comportamento aconteceu com a frente fria que passou pelo Rio de Janeiro no dia 06 de abril, causando muitos estragos e um volume de chuva muito grande em 24 horas. A partir do dia 06 o padrão de verão, quente e úmido, ficou para trás e aos poucos a atmosfera foi ficando mais seca a mais fria. Temperaturas negativas já foram registradas neste ano no Sul. No começo de junho os termômetros chegaram a -1,1°C em General Carneiro, no sul do Paraná, e a -0,5°C em Urubici, na região serrana de Santa Catarina. Esta mesma onda de frio derrubou a temperatura no Centro-Oeste do Brasil e, ainda que fraca, houve geada até no sul de Mato Grosso do Sul.

Mas isso é um indício de que o inverno será muito frio? Não necessariamente. Vários elementos precisam ser analisados. Mas um fator importante que deve ser levado em consideração é a intensificação do fenômeno La Niña (o resfriamento anormal das águas do Pacífico Equatorial), já que em anos de atuação do fenômeno os invernos costumam ser frios. Entretanto, o fenômeno só deve influenciar o Brasil de agosto em diante. A comparação com o ano passado é pertinente. Em 2009 estávamos sob o domínio do El Niño, fenômeno oposto à La Niña. O inverno foi gelado no Sul e frio também no Sudeste e no Centro-Oeste. Este ano também se espera por frio, mas com características diferentes. Se no ano passado enfrentamos um inverno frio e úmido, este ano a estação promete ser fria e seca. As grandes cidades podem sofrer bastante com os problemas de poluição, que é particularmente crítico em São Paulo.

Normalmente é comum a passagem de frentes frias pela Região Sul entre os meses de julho e setembro, mas elas normalmente chegam enfraquecidas ao Sudeste e ao Centro-Oeste. Estas duas Regiões registram pouca chuva nos meses de inverno, assim como a maior parte do Nordeste, o Tocantins, o sul do Pará e Rondônia. Na faixa leste nordestina, entre o Recôncavo Baiano e o leste do Rio Grande do Norte, ainda é época de bastante chuva, com a chegada das chamadas “Ondas de Leste”, áreas de instabilidade que se formam no mar e avançam para a costa. No Norte, é comum chover bastante nesta época do ano em Roraima e no noroeste do Amazonas. Mas vale lembrar que estas regiões estão acima do Equador, portanto estão no Hemisfério Norte. Por lá é verão e não inverno.

Confira agora a tendência do clima para os próximos meses em cada Região do Brasil.

Região Sul

Na Região Sul do Brasil o mês de julho deve apresentar apenas uma massa de ar polar significativa, que facilita a formação de geadas fortes em grande parte das áreas. Outras massas mais fracas provocam brusca queda de temperatura, mas o risco de congelamento é grande apenas nas áreas serranas. Em agosto a freqüência das massas polares aumenta e este deve ser o mês mais frio do Inverno, com quatro massas polares significativas que provocam grande resfriamento. Em setembro apenas uma massa de ar polar é forte, mas já não tem grande potencial de congelamento, por conta do aumento natural das temperaturas no fim da estação. As chuvas ocorrem de forma irregular na Região Sul ao longo do Inverno, com volumes muito menores com relação ao ano passado, e com deficiência hídrica ao longo dos meses em quase todas as áreas.

Região Sudeste

No Sudeste a previsão é de pouca chuva neste Inverno, o que é normal. No ano passado, com a atuação do El Niño, choveu bastante, especialmente no Estado de São Paulo. Este quadro não se repete e a umidade relativa do ar fica baixa em grande parte da Estação, o que favorece as queimadas, especialmente no norte paulista e no cerrado mineiro. Com relação às temperaturas, é preciso lembrar que não é época de calor, apesar de muitos dias ensolarados. Em julho o frio tende a ser menor que em maio e em junho, com apenas uma massa de ar polar significativa, que só pode favorecer a formação de geadas nos pontos muito altos da Serra da Mantiqueira. Em agosto as condições mudam e a chegada de várias massas polares deixa o mês frio. Em setembro o tempo volta a esquentar gradativamente.

Região Centro-Oeste

No Centro-Oeste o quadro de seca típico desta época do ano se estabelece. Ao longo do Inverno o número de queimadas costuma ser muito grande e este ano não será diferente. Os índices de umidade do ar atingem os seus mínimos, muitas vezes determinando estado de emergência (abaixo de 12%) em Goiás e no Distrito Federal. As maiores ondas de frio, que provocam queda de temperatura significativa, estão previstas para o mês de agosto, mas o risco de formação de geadas se limita apenas ao sul de Mato Grosso do Sul.

Região Nordeste

No Nordeste o frio chega ao sul da Bahia em agosto. Em julho e em setembro os termômetros registram temperatura acima da média. A chuva é irregular. Em julho os volumes acumulados ficam abaixo da média entre Recife e Natal, mas a partir de agosto a umidade aumenta novamente. Os Estados mais chuvosos ao longo do Inverno devem ser Sergipe e Alagoas. No Ceará, no Maranhão e no Piauí a chuva fica acima da média em agosto, o que diminui o número de queimadas. Mas na maior parte do interior da Região, as práticas agrícolas só são viáveis nas áreas onde há irrigação artificial.

Região Norte

No Norte a expectativa é de ocorrência de friagem ao longo do mês de agosto. O fenômeno atinge o Acre, o sul do Amazonas e o estado de Rondônia. A chuva, por sua vez, cai de forma muito irregular e tende a ficar abaixo da média ao longo de todo o Inverno na Região, o que é bem característico da influência da La Niña.

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