‘Deserto feliz’. Embalado pela música “A mesma rosa amarela”, na voz de Junio Barreto, “Deserto feliz”, de Paulo Caldas, é um filme que mostra as dificuldades de quem tenta deixar o interior, ganhar a capital e partir para o mundo, como sonham tantos brasileiros.
A heroína é Jéssica, uma menina de 14 anos que decide se prostituir para tentar mudar de vida. Daí, Caldas conduz o filme através da busca por um futuro. Jéssica, brilhantemente interpretada pela atriz Nash Laila, não é o retrato de uma brasileira sofrida, sem perspectivas. Ela é alegre, esperançosa, batalhadora. Por mais que trace um panorama desolador, a visão do diretor é moldada em otimismo.
‘Terra vermelha’. Foi preciso que um diretor estrangeiro viesse ao Brasil para que a situação dos índios guarani-kaiowá no Mato Grosso do Sul ganhasse um registro cinematográfico à altura do problema. “Birdwatchers — La terra degli uomini rossi” (no original), uma co-produção entre Brasil
e Itália, dirigida pelo italiano Marco Bechis, mostra a luta de uma tribo indígena que acampa ao lado de uma fazenda, numa terra que eles reivindicam como sua.
Com índios não-atores interpretando índios, o filme tem um tom realista, o que aproxima o espectador das questões vividas pela tribo, como o alcoolismo, os altos índices de suicídio e a luta pela terra. O elenco traz ainda atores famosos em papéis secundários, como Leonardo Medeiros e Matheus Nachtergaele.
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Ficção, mas que bem poderia ser documentário, o longa começa escancarando uma das grandes tragédias que fez com que o Brasil conhecesse melhor os kaiowás na última década: os suicídios em série. Logo no início da história, dois jovens são enterrados por integrantes da tribo no Mato Grosso do Sul, diante da indignação dos pais e dos olhares chocados dos amigos da mesma idade.
ResponderExcluirOs questionamentos da mãe de um dos adolescentes e um celular lançado sobre o corpo já dão mostras dos conflitos de identidade e valores que dominarão o filme. O chefe da tribo decide que todos abandonarão a terra em que vivem atualmente para retornar àquela em que estão enterrados seus antepassados e, conseqüentemente, seus ideais de origem.