
A refundação da China
A abertura da Olimpíada de Pequim ficará na história tanto pelo seu simbolismo como pelo seu caráter espetacular. Foi a melhor festa já realizada por uma cidade-sede dos Jogos
Mario Sabino, de Pequim
A abertura da Olimpíada de Pequim ficará na história tanto pelo seu simbolismo como pelo seu caráter espetacular. Foi a melhor festa já realizada por uma cidade-sede dos Jogos
Mario Sabino, de Pequim
Na vida de um país, há certos momentos que são de refundação. Eles tanto podem indicar um novo rumo como celebrar uma ruptura já feita. A abertura da Olimpíada de Pequim, na sexta-feira, foi um desses momentos. Na inauguração dos Jogos – e também do Ninho de Pássaro, o estádio que enche de beleza os olhos dos estrangeiros e de orgulho os habitantes da capital da nação –, a China da prosperidade festejou o grande salto empreendido desde o início dos anos 90, quando seus dirigentes finalmente despejaram, numa lata de lixo não reciclável, a herança maldita de Mao Tsé-tung. Os chineses permanecem sob uma ditadura? Sim. Pequim insiste em cortar o oxigênio dos monges tibetanos? Sim. A pobreza no meio rural é extrema? Sim. O massacre na Praça da Paz Celestial é incancelável? Sim. Esses problemas nodoaram a festa de abertura da Olimpíada? Não. Os mais de 90.000 cidadãos ali presentes – num entusiasmo que perpassava qual corrente elétrica os atores, os dançarinos, os músicos e a platéia – mostraram aos turistas, aos jornalistas, a dezenas de chefes de estado e de governo e a estimados 4 bilhões de telespectadores ao redor do mundo que formam uma nação orgulhosa de seu passado, satisfeita com seu presente e otimista com seu futuro. É este o paradoxo: há quase duas décadas os chineses, mesmo quando erram e se recusam a admitir os erros, seguem no caminho certo. Talvez porque se trate de um povo com urgência de felicidade.
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